Jornal de Letras, Maria Augusta Gonçalves, Abril de 2008
"Incluir, na gravação de estreia, a Sonata para violino e piano de César Franck e a terceira e última Sonata de Edvard Grieg é tanto um desafio pessoal como um manifesto: são duas obras-chave da derradeira expressão romântica, intensas e plenas de lirismo, embora de natureza diversa entre si, ambas muito exigentes, em termos interpretativos. Além do mais, não são obras raras em recital, muito menos em boas gravações, surjam ou não em conjunto. Das versões de Itzhak Perlman e Martha Argerich (EMI) e Pierre Amoyal e Pascal Rogé (Decca), às de Augustin Dumay e Maria João Pires (DG) ou de Takako Nishizaki e Jeno Jando (Naxos), não falta memória nem faltam hipóteses de comparação. Bruno Monteiro, no entanto, impôs a aposta a si mesmo e pode dizer-se que a venceu – a atenção ao pormenor, o fraseado certo e o cuidado na expressão. Tudo é claro, sincero e veemente. A Sonata de César Franck estabelece um marco na música de câmara francesa do século XIX. Antecedendo em poucos meses a Sinfonia e o Quarteto para cordas, adquire algo da dimensão das grandes obras do compositor belga, estabelecendo uma ligação temática entre os diferentes andamentos – uma estrutura cíclica que continuamente se transforma, definindo o carácter brilhante e quase hipnótico de toda a obra. A terceira e última Sonata de Grieg, igualmente composta em 1886, apresentam uma natureza distinta, na qual predomina um sentimento trágico, acentuado por traços de maior dramatismo, que exigem a lucidez do intérprete – o que não falta a Bruno Monteiro, tão pouco a contenção com o vibrato, o que constituiu um dos muitos pontos a seu favor. Em duas obras que exigem um diálogo de igual para igual com o piano, há ainda a destacar a empatia entre os dois músicos e a interpretação de João Paulo Santos, cuja mestria pode perfeitamente ser medida no início do segundo andamento da Sonata de Grieg ou na exposição do segundo tema do primeiro andamento de Franck. O disco surge depois de anos de trabalho de Bruno Monteiro nos Estados Unidos, onde trabalhou com Gerardo Ribeiro, após a licenciatura na Academia de Música de Manhattan. Ribeiro possui aliás uma das boas interpretações do Concerto para violino de Mendelssohn (EMI), exactamente a obra que Bruno Monteiro vai levar ao CCB, no próximo dia 19, com a Orquestra de Câmara Inglesa."
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Público, Pedro Boléo, Novembro de 2007
"No centenário da morte de Grieg, surge oportunamente este disco de dois excelentes músicos portugueses. (…) Uma interpretação muito cuidada e trabalhada nos mais pequenos detalhes de fraseado e expressão. Sente-se sobretudo neste disco uma cumplicidade musical e estética indispensável na ligação do piano de João Paulo Santos, um excelente intérprete de música de câmara (e não só) e Bruno Monteiro, sem dúvida um dos melhores violinistas portugueses da actualidade. A qualidade geral do registo é muito boa."
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